O inacreditável aconteceu. Estava a turma a entrar depois do intervalo, quando a senhora professora, com um ar sério, começa a listar uns nomes de meninas. “Meninas x , y , z estavam a enviar sms na minha aula!!”. Tudo com um ar assustado a esconder o telemóvel e a pensar, “queres ver que a mulher adivinha?”, “querem ver que alguém foi contar à professora?”, mas não. Com um ar descontraído como quem tem o chupa-chupa maior, a professora diz: “Eu sei que responderam à sms da professora regente, no decorrer da minha aula!”.
Começou tudo na casquinada, num alvoroço total. Andamos sempre aprender, se receberem sms de professores durante as aulas, NÃO RESPONDAM! Há sempre uma primeira vez para tudo, imaginem que agora pega moda? Os professores até sabem umas coisas.
Hoje um passarinho fez me lembrar um dos momentos mais chocantes das crianças denominadas normais. O Dentista. Um passarinho e uma aplicação do facebook que disse que eu tinha um sorriso muito bonito.
“Mas a tua primeira ida ao dentista devia ter sido com 4, 5 anos, não?”. Não! Foi uma das prendas de natal que pedi aos meus pais. Parece mal um tipo com 18 anos nunca ter ido ao dentista. Mas foi giro.
No consultório:
-O Rui não vêm ao dentista há quanto tempo?
-Penso que há uns 18 anos.
-Não me diga que nunca veio ao dentista?!?!?!?
-Por acaso, acho que não.
-Bom, ou tens os dentes perfeitos ou estão numa lastima.
-Mas se tivessem maus já tinha cá vindo há mais tempo, senhora doutora.
A conversa continuou. Quanto mais avançava, mais eu via que não é normal ir ao dentista pela primeira vez aos 18 anos. Lá me sentou naquela cadeira toda quitada com luzes, aspiradores, brocas, e coisas de metal estranhas. É como começa metade dos filmes de terror. Fora isso, até nem correu mal de todo. Uma carie para os pardais e nada demais. Mesmo assim, uma que deu muitas dores de cabeça. Não a mim claro, mas à dentista que para me manter calminho mostrava a seringa com anestesia.
Terminou tudo em beleza, com a dentista a fazer queixinhas à senhora minha mãe porque não parava quieto.
Deu para ver o porquê dos miúdos não gostarem de ir ao dentista, no consultório não havia rebuçados de morango.
Bem, vou aviar uma vida.
Rui Freire